E já não se podia escrever, pois não havia palavras que pudessem explicar. Na verdade nunca nenhuma palavra pôde explicar qualquer coisa. São subjetivas, falhas, errôneas, tortas...
Chorar era possível, isso sim! Pois o pranto não necessita explicação. Na verdade, o pranto é o caldo de tudo aquilo que as palavras não dizem.
Por Mao Punk: NÃO ACONSELHADO A PURITANOS! Aqui estão meus textos que expõem a fragilidade e indecência humanas, onde o real se mistura com o fictício. Muitos dos textos aqui presentes podem ofender por expor o lado mais indesejável dos seres humanos. Palavrões, conotações sexuais e violência são frequentes. Não leia se isso não te agrada. Boa leitura.
"RESQUÍCIOS DEPRESSIVOS, SUJOS E NOJENTOS" trata-se de textos onde exponho de forma irônica, metafórica, crítica e subversiva a condição humana. Esse blog pode causar estranhamento e até mesmo raiva, pois mistura o real com o fictício sem embelezamentos, indo a fundo no que o ser humano tem de pior: a ignorância, a covardia, os tormentos, a utilização da sexualidade de forma desrespeitosa, os vícios, a solidão, etc. Qualquer semelhança entre fatos e os textos aqui presentes é mera coincidência. As características do texto não representam necessariamente o ponto de vista do autor que vos escreve.
Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todos os textos aqui presentes foram escritos por Mao Punk.
Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todos os textos aqui presentes foram escritos por Mao Punk.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
PASSOS
Ele andava pelas ruas. Pelas ruas mesmo, não pela calçada. Não havia movimento nem carros, já que era uma noite de domingo.
Pensava na vida, andando com passos calmos – embora sua mente estivesse atormentada.
A rua pertencia a seus passos, até que surgiu um carro em sua direção. Não houve tempo para desviar, mas ele continuou seus passos, passando por cima do carro, andando sobre a lataria em movimento.
Continuou seus passos sem sentido.
Pensava na vida, andando com passos calmos – embora sua mente estivesse atormentada.
A rua pertencia a seus passos, até que surgiu um carro em sua direção. Não houve tempo para desviar, mas ele continuou seus passos, passando por cima do carro, andando sobre a lataria em movimento.
Continuou seus passos sem sentido.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
A IRONIA DE MARCAR ENCONTROS
Ele atendeu seu celular:
- Alô.
- Olá! Como você tá? – era uma voz feminina muito agradável.
- Desculpa... quem tá falando?
-Ah! Adivinha! Não é difícil de acertar. – ela estava certa de que o rapaz lembraria quem era ela.
- Não me leve a mal, mas é que tanta gente tem meu celular. Como posso saber quem tá falando? – quem sabe assim ela não se revele, não?
- Nossa... você tá chamando tantas garotas assim pra sair, é? – ela sorriu, pois imaginava que era a única garota que ele chamou pra sair nos últimos dias.
Fodeu! Na verdade, não havia convidado tantas garotas para passear. Apenas duas. Mas era o suficiente para arruinar aquela conversa com a quase desconhecida.
- Claro que não! Ha ha! Acha que sou um Brad Pitt? – tentou se esquivar e ganhar tempo até descobrir quem era a garota.
- Então você sabe quem tá falando, né? – nessa hora a autoconfiança da garota já não era a mesma de antes.
- Sim... eu sei! É a... – ele chutou! Arriscou o nome.
- Quem?! Nossa! Que consideração, hein? – Merda! Ele errou o nome.
Ele não conseguiu sair com essa garota. Na verdade, ela nunca mais apareceu.
Mas e daí? Ele ainda tinha a outra garota. Era só não marcar nada com uma terceira.
- Alô.
- Olá! Como você tá? – era uma voz feminina muito agradável.
- Desculpa... quem tá falando?
-Ah! Adivinha! Não é difícil de acertar. – ela estava certa de que o rapaz lembraria quem era ela.
- Não me leve a mal, mas é que tanta gente tem meu celular. Como posso saber quem tá falando? – quem sabe assim ela não se revele, não?
- Nossa... você tá chamando tantas garotas assim pra sair, é? – ela sorriu, pois imaginava que era a única garota que ele chamou pra sair nos últimos dias.
Fodeu! Na verdade, não havia convidado tantas garotas para passear. Apenas duas. Mas era o suficiente para arruinar aquela conversa com a quase desconhecida.
- Claro que não! Ha ha! Acha que sou um Brad Pitt? – tentou se esquivar e ganhar tempo até descobrir quem era a garota.
- Então você sabe quem tá falando, né? – nessa hora a autoconfiança da garota já não era a mesma de antes.
- Sim... eu sei! É a... – ele chutou! Arriscou o nome.
- Quem?! Nossa! Que consideração, hein? – Merda! Ele errou o nome.
Ele não conseguiu sair com essa garota. Na verdade, ela nunca mais apareceu.
Mas e daí? Ele ainda tinha a outra garota. Era só não marcar nada com uma terceira.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
BREVE MONÓLOGO LÍRICO DA SOLIDÃO
Ele pensava, em sua solidão, na falta que fazia um diálogo. Reclamou consigo mesmo:
- Sou campeão em falar sozinho!
Mais uma vez ele falou para ninguém. Somente ele mesmo deu ouvidos a si.
- Sou campeão em falar sozinho!
Mais uma vez ele falou para ninguém. Somente ele mesmo deu ouvidos a si.
sábado, 18 de setembro de 2010
A SENSIBILIDADE VEM DA RUA
A humanidade ainda insiste na insensibilidade cotidiana. Mas não aquele morador de rua que sentiu o dia de sol e observou a natureza simples ao seu redor:
- Olha só, o gato dormindo aí no muro – e dava risos sinceros por ter visto aquela cena sublime, da natureza esparramada calmamente em um muro.
Eu não teria visto o gato se o morador de rua não tivesse direcionado suas palavras a mim. Sorri com ele e respondi:
- Isso que é vida boa, heim?
Ele seguiu sorrindo. Eu também.
E talvez ninguém mais tenha notado a cena amena do gato no muro. Mesmo eu, que dou valor à loucura, não havia notado o fato. E temo ter perdido outras cenas em minhas andanças.
- Olha só, o gato dormindo aí no muro – e dava risos sinceros por ter visto aquela cena sublime, da natureza esparramada calmamente em um muro.
Eu não teria visto o gato se o morador de rua não tivesse direcionado suas palavras a mim. Sorri com ele e respondi:
- Isso que é vida boa, heim?
Ele seguiu sorrindo. Eu também.
E talvez ninguém mais tenha notado a cena amena do gato no muro. Mesmo eu, que dou valor à loucura, não havia notado o fato. E temo ter perdido outras cenas em minhas andanças.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
ROMANCE ÀS AVESSAS
Conheceram-se numa tarde de nuvens negras. Estavam em um boteco fedorento no centro da cidade junto de bêbados depravados, alcoólicos depressivos e putas melancólicas.
Ela – sentada ao balcão, com sua microsaia, expondo varizes e celulites – bebia a segunda dose de tequila, depois de vários copos de cerveja barata.
Ele – sentado a uma mesa suja e engordurada, com os primeiros botões de sua camisa abertos – segurava um copo de uísque, bebendo pequenos goles, observando a moça sentada ao balcão.
Os olhares se cruzaram. Ele coçou o saco, ela arrotou tequila.
Ele saiu de sua mesa e foi até o balcão. Perguntou a ela quanto era o programa. Mas ela não fazia programa, oras!
Conversaram. E toda conversa de bêbado rende. Ficaram horas falando besteira. Inevitável, saíram de lá e pagaram um motel qualquer.
Inexplicavelmente iniciaram um relacionamento e foram morar juntos. Claro que se traíam, afinal, não são exemplos de virtude. Mas fingiam não saber do fato.
Acordavam e tomavam juntos o café da manhã: pão velho, cerveja e geleia vencida. A televisão ficava ligada em qualquer canal desinteressante. Falavam sobre coisas fúteis, discutiam, trocavam ofensas e voltavam a mastigar o pão com geleia. Então o silêncio de meio minuto, logo depois falavam de qualquer outra mediocridade, como se estivesse tudo certo.
Cada um seguia para seu trabalho e para suas farras particulares. Voltavam para casa, jantavam restos da semana anterior ou pediam pizzas. Deitavam-se na cama, transavam sem desejo, muitas vezes nem gozavam. Essa era a rotina do casal.
Consideravam-se felizes, pensavam que não poderia ser melhor. Na verdade, não faziam questão de tentar mudar.
Anos se passaram e eles continuavam juntos, no entanto as discussões aumentaram. Em muitas das brigas havia agressão física e ameaças de morte. Ainda assim continuavam juntos.
Era segunda-feira. Ele decidiu não entrar na firma. Resolveu pagar uma prostituta e perder parte da tarde com ela. Por conta disso chegou mais cedo em casa e encontrou sua esposa transando com outro.
O amante conseguiu escapar, mas ela não teve a mesma sorte. Apanhou como nunca, perdeu muitos dentes, perdeu a vontade de viver.
Ele foi denunciado por vizinhos e foi afastado. Ele não sabia, mas sua vítima estava grávida. Ela, por sua vez, não sabia quem seria o pai.
Assim é o romance na Terra. Tão diferente das novelas da televisão, que por serem tão ilusórias tornam-se tão ou mais sujas que a podre realidade.
A novela é um romance às avessas.
Ela – sentada ao balcão, com sua microsaia, expondo varizes e celulites – bebia a segunda dose de tequila, depois de vários copos de cerveja barata.
Ele – sentado a uma mesa suja e engordurada, com os primeiros botões de sua camisa abertos – segurava um copo de uísque, bebendo pequenos goles, observando a moça sentada ao balcão.
Os olhares se cruzaram. Ele coçou o saco, ela arrotou tequila.
Ele saiu de sua mesa e foi até o balcão. Perguntou a ela quanto era o programa. Mas ela não fazia programa, oras!
Conversaram. E toda conversa de bêbado rende. Ficaram horas falando besteira. Inevitável, saíram de lá e pagaram um motel qualquer.
Inexplicavelmente iniciaram um relacionamento e foram morar juntos. Claro que se traíam, afinal, não são exemplos de virtude. Mas fingiam não saber do fato.
Acordavam e tomavam juntos o café da manhã: pão velho, cerveja e geleia vencida. A televisão ficava ligada em qualquer canal desinteressante. Falavam sobre coisas fúteis, discutiam, trocavam ofensas e voltavam a mastigar o pão com geleia. Então o silêncio de meio minuto, logo depois falavam de qualquer outra mediocridade, como se estivesse tudo certo.
Cada um seguia para seu trabalho e para suas farras particulares. Voltavam para casa, jantavam restos da semana anterior ou pediam pizzas. Deitavam-se na cama, transavam sem desejo, muitas vezes nem gozavam. Essa era a rotina do casal.
Consideravam-se felizes, pensavam que não poderia ser melhor. Na verdade, não faziam questão de tentar mudar.
Anos se passaram e eles continuavam juntos, no entanto as discussões aumentaram. Em muitas das brigas havia agressão física e ameaças de morte. Ainda assim continuavam juntos.
Era segunda-feira. Ele decidiu não entrar na firma. Resolveu pagar uma prostituta e perder parte da tarde com ela. Por conta disso chegou mais cedo em casa e encontrou sua esposa transando com outro.
O amante conseguiu escapar, mas ela não teve a mesma sorte. Apanhou como nunca, perdeu muitos dentes, perdeu a vontade de viver.
Ele foi denunciado por vizinhos e foi afastado. Ele não sabia, mas sua vítima estava grávida. Ela, por sua vez, não sabia quem seria o pai.
Assim é o romance na Terra. Tão diferente das novelas da televisão, que por serem tão ilusórias tornam-se tão ou mais sujas que a podre realidade.
A novela é um romance às avessas.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
O COBRADOR
Perguntei ao cobrador do ônibus se ele podia me avisar quando chegasse ao ponto do colégio. A resposta foi não.
Eu era capaz de me virar sozinho, foda-se! Mas achei que o cobrador tinha dado uma de cuzão. Custava informar qual era a porra do ponto que eu devia descer?
Depois observei que ele carregava uma expressão triste, perturbada. Não havia sido pessoal. Ele devia estar passando por um momento difícil. Cheguei a esquecer minha raiva e passei a ter certa pena.
No entanto, eu com meu problema sem saber em que ponto eu deveria saber, ele com seus problemas seja lá quais fossem.
Estávamos quites. Ninguém se importa com o problema do próximo.
Eu era capaz de me virar sozinho, foda-se! Mas achei que o cobrador tinha dado uma de cuzão. Custava informar qual era a porra do ponto que eu devia descer?
Depois observei que ele carregava uma expressão triste, perturbada. Não havia sido pessoal. Ele devia estar passando por um momento difícil. Cheguei a esquecer minha raiva e passei a ter certa pena.
No entanto, eu com meu problema sem saber em que ponto eu deveria saber, ele com seus problemas seja lá quais fossem.
Estávamos quites. Ninguém se importa com o problema do próximo.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
TANTA BELEZA
Como ignorar aqueles seios fartos? Como ignorar aqueles corpos gostosos? A vontade era de atacar vorazmente com a boca e com as mãos cheias aqueles peitos e aquelas carnes... mas não podia.
Olhava muitas garotas, algumas abraçava forte para sentir os seios se comprimindo de encontro ao corpo.
Não é questão de ser tarado. Mas, céus, como ignorar tanta beleza?
E todos os seres humanos queriam transar. E todos os olhares carregavam essa vontade.
Olhava muitas garotas, algumas abraçava forte para sentir os seios se comprimindo de encontro ao corpo.
Não é questão de ser tarado. Mas, céus, como ignorar tanta beleza?
E todos os seres humanos queriam transar. E todos os olhares carregavam essa vontade.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
UM RAPAZ E UMA SENHORA ATRAVESSAM A RUA
A vida já não estava legal. E como poderia estar? Francamente!
Andava pelas ruas. Não esperou o sinal verde para atravessar ao outro lado, mas como sempre nenhum carro o acertou. Ele não tinha essa sorte.
Do outro lado da rua uma senhora observava o rapaz atravessar e ela pareceu ignorar o sinal vermelho. Quis fazer como ele. Quase foi atropelada! Mas o tal rapaz impediu o incidente, barrando a senhora com o braço e puxando-a de volta para a calçada. Ele, inconformado, disse:
- Minha senhora! Não faça mais isso! A senhora não tem cuidado com a vida?
- Nossa! Obrigada, meu jovem! É que vi você atravessar e pensei que o farol estivesse verde... – responde.
- Ora! Fiz isso porque não ligo para a minha vida. A senhora deveria prestar mais atenção.
- Mas... meu jovem! Não diga tamanha besteira! Por que não liga para a própria vida?
- Sou um inútil. Não vejo um sentido na vida. – desabafa o rapaz.
- Tsc, tsc... você não pode ser inútil. Você salvou minha vida. Você é mais útil do que pode pensar. A vida vai lhe mostrar com o tempo...
A senhora deu um sorriso agradecido e partiu. O rapaz pensou: “talvez ela esteja certa...”, mas logo em seguida um novo pensamento: “por que não deixei ela ser atropelada?”.
Agora o rapaz se questiona se realmente é tão inútil ou se é alguém importante.
A senhora que também não via, até então, um sentido na vida, soube que foi importante na vida do rapaz, pois fez com que ele se questionasse.
Não seria justo se eles fossem atropelados, mesmo que os dois tivessem tido essa intenção naquele momento... será?
Andava pelas ruas. Não esperou o sinal verde para atravessar ao outro lado, mas como sempre nenhum carro o acertou. Ele não tinha essa sorte.
Do outro lado da rua uma senhora observava o rapaz atravessar e ela pareceu ignorar o sinal vermelho. Quis fazer como ele. Quase foi atropelada! Mas o tal rapaz impediu o incidente, barrando a senhora com o braço e puxando-a de volta para a calçada. Ele, inconformado, disse:
- Minha senhora! Não faça mais isso! A senhora não tem cuidado com a vida?
- Nossa! Obrigada, meu jovem! É que vi você atravessar e pensei que o farol estivesse verde... – responde.
- Ora! Fiz isso porque não ligo para a minha vida. A senhora deveria prestar mais atenção.
- Mas... meu jovem! Não diga tamanha besteira! Por que não liga para a própria vida?
- Sou um inútil. Não vejo um sentido na vida. – desabafa o rapaz.
- Tsc, tsc... você não pode ser inútil. Você salvou minha vida. Você é mais útil do que pode pensar. A vida vai lhe mostrar com o tempo...
A senhora deu um sorriso agradecido e partiu. O rapaz pensou: “talvez ela esteja certa...”, mas logo em seguida um novo pensamento: “por que não deixei ela ser atropelada?”.
Agora o rapaz se questiona se realmente é tão inútil ou se é alguém importante.
A senhora que também não via, até então, um sentido na vida, soube que foi importante na vida do rapaz, pois fez com que ele se questionasse.
Não seria justo se eles fossem atropelados, mesmo que os dois tivessem tido essa intenção naquele momento... será?
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
CENA DE CALLCENTER ATIVO
- Alô? – voz de senhora.
- Boa tarde! Eu sou o Astrogildo, do Banco Grana. Gostaria de falar com José Pranto. Ele se encontra?
- O que você quer com ele? Eu sou a mãe dele! – voz alterada, demonstrando raiva.
- Olha, senhora... seu filho tem uma dívida conosco. Ele veio na bocada e levou pedra, dona. Crack! Tá devendo uma grana preta pra banca, tá ligada?
- ... – o silêncio transmite toda a angústia de uma mãe.
- Se ele não pagar essa porra ele vai ser apagado, tá entendendo?
- M-meu... meu filho?!
- É, dona! Esse cuzão mesmo! Tá nervosa, minha senhora? Imagina como nóis tâmo nervoso, então. Com droga a menos, sem a porra da grana do crack... o cano tá querendo explodir!
- Meu deus! S-só pode ser brincadeira! – voz chorosa.
- Olha, senhora. Pra te falar a verdade, é brincadeira, sim. Eu realmente sou do Banco Grana, mas o assunto é só com o seu filho. Ele se encontra?
- Boa tarde! Eu sou o Astrogildo, do Banco Grana. Gostaria de falar com José Pranto. Ele se encontra?
- O que você quer com ele? Eu sou a mãe dele! – voz alterada, demonstrando raiva.
- Olha, senhora... seu filho tem uma dívida conosco. Ele veio na bocada e levou pedra, dona. Crack! Tá devendo uma grana preta pra banca, tá ligada?
- ... – o silêncio transmite toda a angústia de uma mãe.
- Se ele não pagar essa porra ele vai ser apagado, tá entendendo?
- M-meu... meu filho?!
- É, dona! Esse cuzão mesmo! Tá nervosa, minha senhora? Imagina como nóis tâmo nervoso, então. Com droga a menos, sem a porra da grana do crack... o cano tá querendo explodir!
- Meu deus! S-só pode ser brincadeira! – voz chorosa.
- Olha, senhora. Pra te falar a verdade, é brincadeira, sim. Eu realmente sou do Banco Grana, mas o assunto é só com o seu filho. Ele se encontra?
domingo, 12 de setembro de 2010
CORES NEGRAS E BRANCAS
Aquela bela garota negra aguardava seu ônibus no ponto, às 15h30 aproximadamente. Por algum motivo o ônibus demorava um pouco mais a chegar.
Os olhos da garota fitavam a rua, de uma forma vã, enquanto não avistavam o ônibus que não chegava.
Enquanto isso, um rapaz branco andava pelas proximidades daquele ponto. Por algum motivo sentia que era mais tarde, mas era impressão.
Os olhos do rapaz fitavam as pessoas, sentindo algo diferente nas horas, mas o que poderia ser?
Foi quando, naquele ponto de ônibus, os olhos da garota negra se encontraram com os olhos do rapaz branco.
Os olhares se misturaram num belo contraste, querendo mais do preto no branco, do branco no preto. E os olhares se entenderam numa entrega distante de um para o outro.
A garota negra continuou esperando seu ônibus. O rapaz branco continuou seus passos.
Nos dias seguintes não mais estavam os olhos naquele ponto, prontos para o belo contraste da entrega. Nunca mais se viram, nunca mais ocuparam o mesmo espaço, nunca mais ocuparam a mesma visão.
A cidade continua agitada.
Os olhos da garota fitavam a rua, de uma forma vã, enquanto não avistavam o ônibus que não chegava.
Enquanto isso, um rapaz branco andava pelas proximidades daquele ponto. Por algum motivo sentia que era mais tarde, mas era impressão.
Os olhos do rapaz fitavam as pessoas, sentindo algo diferente nas horas, mas o que poderia ser?
Foi quando, naquele ponto de ônibus, os olhos da garota negra se encontraram com os olhos do rapaz branco.
Os olhares se misturaram num belo contraste, querendo mais do preto no branco, do branco no preto. E os olhares se entenderam numa entrega distante de um para o outro.
A garota negra continuou esperando seu ônibus. O rapaz branco continuou seus passos.
Nos dias seguintes não mais estavam os olhos naquele ponto, prontos para o belo contraste da entrega. Nunca mais se viram, nunca mais ocuparam o mesmo espaço, nunca mais ocuparam a mesma visão.
A cidade continua agitada.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
GENTILEZA TEM LIMITE
A menininha estava chorando, sentada na praça.
- Buaaá! Buaaá! Snif...
Mas um mocinho se aproximou da menininha. Perguntou a ela:
- Por que chora, menininha?
- Porque ninguém me ama! – respondeu.
- Como você sabe? Quem garante? – retrucou o mocinho.
- Bem... porque nunca ninguém me disse, oras!
- Eu nunca disse te amar, no entanto eu te amo – disse o mocinho com a voz mansa e serena.
A menininha sorriu, enxugou as lágrimas com as mãos e perguntou:
- Jura?
- Claro que não!
A menininha voltou a chorar. O mocinho a abraçou.
- Buaaá! Buaaá! Snif...
Mas um mocinho se aproximou da menininha. Perguntou a ela:
- Por que chora, menininha?
- Porque ninguém me ama! – respondeu.
- Como você sabe? Quem garante? – retrucou o mocinho.
- Bem... porque nunca ninguém me disse, oras!
- Eu nunca disse te amar, no entanto eu te amo – disse o mocinho com a voz mansa e serena.
A menininha sorriu, enxugou as lágrimas com as mãos e perguntou:
- Jura?
- Claro que não!
A menininha voltou a chorar. O mocinho a abraçou.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
ROBÔ-CLONE
Ninguém desconfiou de nada. Nem funcionários, nem supervisores, nem seguranças... era um robô perfeito, exatamente igual Catarina. Ela não estava muito afim de trabalhar, então providenciou que o robô-clone ficasse em seu lugar.
Manfredo estava trabalhando, sentado ao lado de Catarina. Aliás, sentado ao lado do robô-clone. E conversava com ela normalmente.
Qualquer um que passasse naquele corredor nunca desconfiaria que aquela não era realmente Catarina.
O robô-clone fazia tudo o que um ser humano é capaz de fazer (ou quase tudo). Era capaz de mexer no computador, atender telefone, conversar... foi programado da forma mais impressionante!
Supervisores estavam no corredor. Manfredo pergunta à Catarina robótica:
- Conseguiu finalizar aquele serviço?
- Quase. Falta pouco – respondeu o robô.
É... os supervisores estavam crentes que estava tudo certo por lá e deixaram o corredor, sem imaginar que lá havia um robô que não conseguia finalizar os serviços de Catarina. De repente o celular de Manfredo toca. Era Catarina:
- Alô, Manfredo? Alguém desconfia de algo?
- Não, Catarina! Tudo na mais perfeita ordem.
- Se descobrirem sobre o robô pode acontecer uma merda! – alerta Catarina.
- Nunca vão descobrir... descobrir... descobrir... descobrir... – o robô-clone de Manfredo teve uma pane. Manfredo estava na praia.
Manfredo estava trabalhando, sentado ao lado de Catarina. Aliás, sentado ao lado do robô-clone. E conversava com ela normalmente.
Qualquer um que passasse naquele corredor nunca desconfiaria que aquela não era realmente Catarina.
O robô-clone fazia tudo o que um ser humano é capaz de fazer (ou quase tudo). Era capaz de mexer no computador, atender telefone, conversar... foi programado da forma mais impressionante!
Supervisores estavam no corredor. Manfredo pergunta à Catarina robótica:
- Conseguiu finalizar aquele serviço?
- Quase. Falta pouco – respondeu o robô.
É... os supervisores estavam crentes que estava tudo certo por lá e deixaram o corredor, sem imaginar que lá havia um robô que não conseguia finalizar os serviços de Catarina. De repente o celular de Manfredo toca. Era Catarina:
- Alô, Manfredo? Alguém desconfia de algo?
- Não, Catarina! Tudo na mais perfeita ordem.
- Se descobrirem sobre o robô pode acontecer uma merda! – alerta Catarina.
- Nunca vão descobrir... descobrir... descobrir... descobrir... – o robô-clone de Manfredo teve uma pane. Manfredo estava na praia.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
UM IRÔNICO SUICÍDIO
Levava tudo a sério. Ele não conseguia relaxar um minuto sequer. Era assim desde que acordava até a hora em que se deitava.
Na verdade, tudo o que ele queria era se desligar um pouco do mundo, sem se preocupar com nada, sumir. Desaparecer para todos sem dar satisfação, sem aborrecimentos, sem pensar nos outros.
Nunca conseguiu o que queria, já que em sua cabeça perdurava a preocupação dos deveres que ele tinha que cumprir.
Morava em um apartamento no 19º andar com sua família. Nessa ocasião ele estava sozinho e suas malditas preocupações ainda estavam lá. Eram suas companhias na solidão.
Mas de repente surgiu uma ideia de como se livrar de toda aquela merda. Ele estava observando a rua pela janela quando teve a inspiração. Decidiu pular! Sim, era só cometer suicídio.
Ele pulou. E durante a queda pensou nas preocupações que estavam indo embora junto com sua vida.
Finalmente não se preocuparia mais com nada e nem com ninguém.
Quando estava próximo do chão, a poucos segundos da morte, atormentado ele lembrou: “puta que pariu! Esqueci de escrever um bilhete”.
Na verdade, tudo o que ele queria era se desligar um pouco do mundo, sem se preocupar com nada, sumir. Desaparecer para todos sem dar satisfação, sem aborrecimentos, sem pensar nos outros.
Nunca conseguiu o que queria, já que em sua cabeça perdurava a preocupação dos deveres que ele tinha que cumprir.
Morava em um apartamento no 19º andar com sua família. Nessa ocasião ele estava sozinho e suas malditas preocupações ainda estavam lá. Eram suas companhias na solidão.
Mas de repente surgiu uma ideia de como se livrar de toda aquela merda. Ele estava observando a rua pela janela quando teve a inspiração. Decidiu pular! Sim, era só cometer suicídio.
Ele pulou. E durante a queda pensou nas preocupações que estavam indo embora junto com sua vida.
Finalmente não se preocuparia mais com nada e nem com ninguém.
Quando estava próximo do chão, a poucos segundos da morte, atormentado ele lembrou: “puta que pariu! Esqueci de escrever um bilhete”.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
O HOMEM-CAIXA-DE-SAPATOS
Se ele continuasse com aquela dor não suportaria mais viver. Era uma dor intensa, bem no coração. Pensou se seria possível respirar sem um coração. Claro, oras! Para isso ele tinha pulmões.
Ele pegou uma caixa vazia de sapatos, foi até a cozinha, escolheu uma faca bem afiada, começou a cortar o peito. Tirou seu coração e guardou na caixa. Então ele se costurou e tomou um belo banho para tirar o sangue.
Já se sentia melhor, sem aquela dor chata. Resolveu sair às ruas e curtir sua nova condição. Entrou em uma lanchonete bem movimentada, cheia de lindas garotas. Várias delas se interessaram por ele quando adentrou o recinto. Claro que se aproximaram. Mas curiosamente isso não trouxe nenhum sentimento de felicidade para ele, aliás, não trouxe sentimento algum. Resolveu sair de lá.
Seu celular tocou. Péssimas notícias. Algo horrível acabava de acontecer para ele. Mas ele não conseguiu chorar, por mais que quisesse.
Voltou para casa. Resolveu ler um livro. Sonetos de Camões. Pela primeira vez não sentiu emoção ao ler tais versos.
Foi deitar. E sentia-se péssimo, mesmo sem dores, pois se sentia vazio demais. Então se levantou para pegar a caixa de sapatos. Abriu o peito novamente e devolveu seu coração ao corpo. Nessa hora as lágrimas caíram.
Não havia como se livrar de más sensações. Com coração era triste, sem coração era infame. Era exatamente como a própria caixa de sapatos: com tanto terror quando cheia, tão inútil quando vazia.
Ele pegou uma caixa vazia de sapatos, foi até a cozinha, escolheu uma faca bem afiada, começou a cortar o peito. Tirou seu coração e guardou na caixa. Então ele se costurou e tomou um belo banho para tirar o sangue.
Já se sentia melhor, sem aquela dor chata. Resolveu sair às ruas e curtir sua nova condição. Entrou em uma lanchonete bem movimentada, cheia de lindas garotas. Várias delas se interessaram por ele quando adentrou o recinto. Claro que se aproximaram. Mas curiosamente isso não trouxe nenhum sentimento de felicidade para ele, aliás, não trouxe sentimento algum. Resolveu sair de lá.
Seu celular tocou. Péssimas notícias. Algo horrível acabava de acontecer para ele. Mas ele não conseguiu chorar, por mais que quisesse.
Voltou para casa. Resolveu ler um livro. Sonetos de Camões. Pela primeira vez não sentiu emoção ao ler tais versos.
Foi deitar. E sentia-se péssimo, mesmo sem dores, pois se sentia vazio demais. Então se levantou para pegar a caixa de sapatos. Abriu o peito novamente e devolveu seu coração ao corpo. Nessa hora as lágrimas caíram.
Não havia como se livrar de más sensações. Com coração era triste, sem coração era infame. Era exatamente como a própria caixa de sapatos: com tanto terror quando cheia, tão inútil quando vazia.
sábado, 4 de setembro de 2010
IMAGINAÇÃO FÉRTIL
A garota se trancou no quarto, apesar do apartamento estar vazio. Isso fazia com que entrasse no clima mais facilmente. Puxou a gaveta, tirou algumas peças de roupa de dentro, jogando-as no chão. No fundo da gaveta estavam suas revistas pornográficas.
Primeiro deitou na cama, em segundo lugar abaixou as calças, em terceiro lugar abriu a revista, em quarto abriu as pernas, em quinto, bem... estava se masturbando.
Fazia tempo que não transava e a masturbação já havia virado hábito. Enquanto ela acariciava o clitóris pensava na chatice que era aquilo, apesar de render certo prazer. Mas o pior é que as revistas não gemiam. Era como foder com uma pedra.
Como estava sem graça aquilo! Mais uma vez aquele sexo solitário e silencioso. Então fechou os olhos e jogou sua revista no canto do quarto. Imaginou um homem suspirando em seu ouvido, enfiando com vontade. Imaginou um homem sedento por sexo, gritando como se fosse o Tarzan explorando a floresta. Aquilo começava a ficar mais interessante para ela. Então ela começou a suspirar, gemer, gritar! Parecia que estava sendo introduzida por um cavalo! Gritava alto, sem parar! Então gozou como há tempos não gozava.
No apartamento ao lado um garoto se masturbava com sua revista pornô. Estava achando tudo uma chatice, até que ouviu gemidos e gritos de algum lugar. Foi muito bom. E até hoje ele espera que sua revista grite novamente em uma de suas punhetas.
Primeiro deitou na cama, em segundo lugar abaixou as calças, em terceiro lugar abriu a revista, em quarto abriu as pernas, em quinto, bem... estava se masturbando.
Fazia tempo que não transava e a masturbação já havia virado hábito. Enquanto ela acariciava o clitóris pensava na chatice que era aquilo, apesar de render certo prazer. Mas o pior é que as revistas não gemiam. Era como foder com uma pedra.
Como estava sem graça aquilo! Mais uma vez aquele sexo solitário e silencioso. Então fechou os olhos e jogou sua revista no canto do quarto. Imaginou um homem suspirando em seu ouvido, enfiando com vontade. Imaginou um homem sedento por sexo, gritando como se fosse o Tarzan explorando a floresta. Aquilo começava a ficar mais interessante para ela. Então ela começou a suspirar, gemer, gritar! Parecia que estava sendo introduzida por um cavalo! Gritava alto, sem parar! Então gozou como há tempos não gozava.
No apartamento ao lado um garoto se masturbava com sua revista pornô. Estava achando tudo uma chatice, até que ouviu gemidos e gritos de algum lugar. Foi muito bom. E até hoje ele espera que sua revista grite novamente em uma de suas punhetas.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
O BAR FEÉRICO
Ele parou no bar. Sentou-se a uma mesa no fundo do estabelecimento e pediu uma bebida. Observou, quase que distraído, o ambiente. Notava a falta de higiene do bar e, de lá do fundo, olhava a rua através da porta de saída.
Sua bebida já foi posta no copo e o copo já foi direcionado por suas mãos até a boca. A bebida é doce e seu sabor o faz sorrir.
Parecia feliz, pensando em nada, degustando o drink e sorrindo para coisa alguma.
O Relógio, em contraponto do corriqueiro, corria seus ponteiros rapidamente. Lá dentro do bar o clima era agradável. Copo vazio. Mais uma rodada.
O bar estava cheio. Jovens e adultos se divertiam como crianças, todos quase sem responsabilidade, vivendo o momento sem pensar demais. Enfim, um ambiente propício para um bar.
Ele continuava bebendo e sorrindo. Parecia feliz, como se estivesse comemorando intimamente consigo, brindando sozinho alegrias.
Ele sabia que cada dia é único e cada segundo deve ser aproveitado intensamente. Por isso parou neste bar. Parecia feliz e satisfeito.
Outra dose. O tempo é arteiro. Como passa depressa quando não se quer! Suas moedas estavam acabando. Só lhe restava o dinheiro para a condução.
Fechou a conta, deu um último sorriso antes de se ausentar do bar. Parecia feliz com tudo. Só parecia. Fora do bar não encontrava fadas.
Sua bebida já foi posta no copo e o copo já foi direcionado por suas mãos até a boca. A bebida é doce e seu sabor o faz sorrir.
Parecia feliz, pensando em nada, degustando o drink e sorrindo para coisa alguma.
O Relógio, em contraponto do corriqueiro, corria seus ponteiros rapidamente. Lá dentro do bar o clima era agradável. Copo vazio. Mais uma rodada.
O bar estava cheio. Jovens e adultos se divertiam como crianças, todos quase sem responsabilidade, vivendo o momento sem pensar demais. Enfim, um ambiente propício para um bar.
Ele continuava bebendo e sorrindo. Parecia feliz, como se estivesse comemorando intimamente consigo, brindando sozinho alegrias.
Ele sabia que cada dia é único e cada segundo deve ser aproveitado intensamente. Por isso parou neste bar. Parecia feliz e satisfeito.
Outra dose. O tempo é arteiro. Como passa depressa quando não se quer! Suas moedas estavam acabando. Só lhe restava o dinheiro para a condução.
Fechou a conta, deu um último sorriso antes de se ausentar do bar. Parecia feliz com tudo. Só parecia. Fora do bar não encontrava fadas.
PEQUENA ANÁLISE SOBRE UM VELHO GORDO
Estava o velho em pé, frente ao balcão da padaria, degustando seus salgados e outras guloseimas. Sua barba cobria-lhe o rosto e sua barriga se esparramava pelo mesmo balcão.
Quando cheguei já estava lá. Sua aparência me lembrava o Jô Soares, porém com um aspecto mais deprimente.
Muitos e muitos minutos se passaram e o velho continuava estacionando sua pança sobre o balcão e comendo seus salgados.
Observava o velho. Sua expressão era vazia. Ele estava sozinho. Não sorria, não aparentava vida. Era um velho cheio de tristezas e desgostos. Que horrível era olhas sua pança tristonha (que devia estar cheia de migalhas babadas, enquanto outras migalhas deviam ter se escondido em sua barba).
Senti uma aflição ao perceber, naqueles minutos, o quanto aquele velho não tinha expectativas. Enquanto degustava seus salgados de tristeza, eu estava rodeado de companhias e podia voltar sorrindo para a minha casa. O que fez o velho gordo?
Quando cheguei já estava lá. Sua aparência me lembrava o Jô Soares, porém com um aspecto mais deprimente.
Muitos e muitos minutos se passaram e o velho continuava estacionando sua pança sobre o balcão e comendo seus salgados.
Observava o velho. Sua expressão era vazia. Ele estava sozinho. Não sorria, não aparentava vida. Era um velho cheio de tristezas e desgostos. Que horrível era olhas sua pança tristonha (que devia estar cheia de migalhas babadas, enquanto outras migalhas deviam ter se escondido em sua barba).
Senti uma aflição ao perceber, naqueles minutos, o quanto aquele velho não tinha expectativas. Enquanto degustava seus salgados de tristeza, eu estava rodeado de companhias e podia voltar sorrindo para a minha casa. O que fez o velho gordo?
DIABO AO ACASO, HUMANO DO INFERNO
D= diabo
H= humano
H – Ei, diabo, o que queres de mim?
D – Dar-te amor, é tudo que ofereço.
H – Teu amor não é bem vindo, portanto deixe-me só.
D – Meu amor é o mais profundo, mais quente impossível.
H – Teu amor arde-me a alma, eis que não quero.
D – Ele torna tua alma sensível, portanto lhe é útil.
H – A alma sensível é exposta a tristezas.
D – Quem não vive a tristeza não conhece a felicidade.
H – Quem me garante que teu amor é feliz?
D – Mas tu estás certo de que se garante sem amor?
H – Na verdade não estou certo de nada.
D – E em nada encontrarás qualquer verdade.
H – É. Sendo assim, essa afirmação pode ser falsa e eu não devo acreditar em teu amor.
D – Não digo que deves, mas digo-lhe que podes.
H – Não digo que quero, mas digo-lhe que penso...
D – E por isso estou aqui!
H – Eu preferia que não estivesses...
D – Então por que me chamas?
H – Porque o inferno nos cerca. E não sei destruí-lo.
D – A culpa é minha? Quem me criou? Quem me fez? Tua mente!
H – Posso lhe descartar?
D – Quem poderia dizer? Sou um acaso...
H= humano
H – Ei, diabo, o que queres de mim?
D – Dar-te amor, é tudo que ofereço.
H – Teu amor não é bem vindo, portanto deixe-me só.
D – Meu amor é o mais profundo, mais quente impossível.
H – Teu amor arde-me a alma, eis que não quero.
D – Ele torna tua alma sensível, portanto lhe é útil.
H – A alma sensível é exposta a tristezas.
D – Quem não vive a tristeza não conhece a felicidade.
H – Quem me garante que teu amor é feliz?
D – Mas tu estás certo de que se garante sem amor?
H – Na verdade não estou certo de nada.
D – E em nada encontrarás qualquer verdade.
H – É. Sendo assim, essa afirmação pode ser falsa e eu não devo acreditar em teu amor.
D – Não digo que deves, mas digo-lhe que podes.
H – Não digo que quero, mas digo-lhe que penso...
D – E por isso estou aqui!
H – Eu preferia que não estivesses...
D – Então por que me chamas?
H – Porque o inferno nos cerca. E não sei destruí-lo.
D – A culpa é minha? Quem me criou? Quem me fez? Tua mente!
H – Posso lhe descartar?
D – Quem poderia dizer? Sou um acaso...
OBSCENO PERDIDO
Se você for uma bela garota e um dia achar esses escritos, então é tudo para você: eu te quero, bela garota. Quero a ti como um louco, sem virtudes nem descaso, sem amores nem relaxos, mas eu quero muito a ti. Quero rasgar tuas roupas, tua calma e tua vagina e depois reconfortar-te no conforto de meu gozo, nos meus beijos desesperados, quero ouvir teus gemidos, os teus gritos e meu nome. É por ti que escrevo tudo, oh, bela garota, sedutora criatura, é tudo por ti. Se achares esse texto, comece a se despir, venha seminua até minha cama, esfregue os seios em meu rosto enquanto durmo e me acorde com seus bicos arrepiados. Faça-me mais vivo!
Mas se quem encontrar estes escritos for uma garota de traços cretinos, esqueça, garota! Não vou te querer. Escreva como eu, e se alguém se interessar entrará em seu quarto.
Mas se quem encontrar estes escritos for uma garota de traços cretinos, esqueça, garota! Não vou te querer. Escreva como eu, e se alguém se interessar entrará em seu quarto.
PÁSSARO SEM ALMA
Ah, sabiá... se pudesses falar, o que dirias a mim a respeito deste Sol, a respeito deste dia? Como é voar e pousar sobre a sombra e como é parar sem pensar em deveres?
Ah, sabiá... tu tens problemas ou não? Pensas na vida ou apenas a vive? Gostas de voar e seres livre (ou não és)?
Ah, sabiá... se pudesses falar, o que dirias a mim? Aposto como falarias para me calar e mandarias eu tomar no cu.
Ah, sabiá... vá se foder, seu passarinho do caralho! Não custa nada dividir seus pensamentos, assim como eu faço a escrever coisas ridículas.
Ah, sabiá... tu tens problemas ou não? Pensas na vida ou apenas a vive? Gostas de voar e seres livre (ou não és)?
Ah, sabiá... se pudesses falar, o que dirias a mim? Aposto como falarias para me calar e mandarias eu tomar no cu.
Ah, sabiá... vá se foder, seu passarinho do caralho! Não custa nada dividir seus pensamentos, assim como eu faço a escrever coisas ridículas.
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