"RESQUÍCIOS DEPRESSIVOS, SUJOS E NOJENTOS" trata-se de textos onde exponho de forma irônica, metafórica, crítica e subversiva a condição humana. Esse blog pode causar estranhamento e até mesmo raiva, pois mistura o real com o fictício sem embelezamentos, indo a fundo no que o ser humano tem de pior: a ignorância, a covardia, os tormentos, a utilização da sexualidade de forma desrespeitosa, os vícios, a solidão, etc. Qualquer semelhança entre fatos e os textos aqui presentes é mera coincidência. As características do texto não representam necessariamente o ponto de vista do autor que vos escreve.

Respeite a arte! Ao reproduzir em outros lugares a obra de algum artista, cite o autor. Todos os textos aqui presentes foram escritos por Mao Punk.

domingo, 26 de dezembro de 2010

PEQUENOS ACIDENTES COTIDIANOS

Noite de calor. Por que vestir preto? Ele vestiu-se todo em roupas claras: bermuda, camiseta, tudo bem à vontade.

Para refrescar a madrugada, um suco de açaí bem gelado na lanchonete 24 horas.

De repente, puta que pariu! O açaí derrubou-se todo por sua roupa. As garotas ao redor o olharam com escárnio (ao menos assim elas o notavam). Sua roupa clara virou roxa.

Retirou-se do local com certa vergonha do incidente. Voltou para casa pensando:

“ok! Acontece com todo mundo. Nesse exato momento, em algum lugar do planeta, deve ter uma garota em uma festa menstruando em sua calça branca. E também um garoto com ataque de diarreia enquanto transa com a garota de seus sonhos. Eu poderia estar em situação pior”.

Nesse instante ele olhou para o céu e avistou um belo manto estrelado. Esqueceu do ocorrido.

E nesse mesmo instante, em algum lugar do planeta, uma garota derrubava lágrimas em sua calça suja de sangue; e um garoto se limpava com papel higiênico no banheiro enquanto uma moça vomitava em um canto do quarto.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ENTREG/ARTE

O ator se apresentava em uma sala muito simples, com algumas cadeiras disponíveis ao público, espaço modesto, grandes janelas que davam para a rua.

O ator apresentava o espetáculo e todos ali presentes prestavam atenção em sua representação. Até que um grito vindo da rua chamou a atenção de quase todos que estavam presentes naquela sala, exceto do próprio ator, que continuou sua apresentação, e um espectador, que se encantava pela arte. Os demais se deslocaram até à janela para acompanhar mais um caso de violência cotidiana.

O ator e o espectador que permaneceu sentado sabiam muito bem que a arte libertava a alma. Enquanto as pessoas não se entregassem à arte, elas continuariam presenciando a violência social.

Que bom que ainda existe quem prefira a cultura!