Eu pensei que estivesse finalmente superando meus apegos. Eu pensei que, dessa vez, eu tivesse dado um passo largo, muito largo. Eu pensei que eu havia compreendido o fim dos momentos idealizados, das coisas jamais vividas que me acompanham em pensamentos...
O que é “importância”? Algo só pode ser importante quando, de fato, está em contato com nossa vida, moldando nossa forma de lidar. De acordo com o dicionário Michaelis da Língua Portuguesa:
Importante – im·por·tan·te – adj m+f
1 Que tem importância.
2 Que não se pode esquecer ou deixar de atender.
3 Digno de apreço, de estima, de consideração.
4 Que tem grande credibilidade; que exerce notável influência.
5 Que tem muito valor ou preço notável.
6 Que resulta em proveito ou interesse; que se pode prestar a determinado fim; proficiente, útil, vantajoso.
Em meio a necessidade de me atualizar em meu próprio tempo, observando que não sou mais quem eu fui a anos atrás, percebendo o grande apego em coisas que ficaram no passado, questionei-me sobre coisas que são importantes para mim.
Das definições do nosso amigo dicionário, sempre me apeguei às numeradas de 1 a 5. De fato, coisas que aconteceram na minha vida são consideradas importantes por eu não conseguir esquecer, por serem dignas de grande estima, por toda a influência que exercem na minha forma de lidar com as coisas, por todo o valor indescritível que carregam...
Considerei uma das coisas mais importantes da minha vida algo que por longos anos influenciou e moldou minha forma de lidar com tudo ao meu redor. E isso porque, por longos momentos, isso esteve diretamente ligado às minhas dúvidas, aos meus anseios, ao único sonho que tive na vida, à sensação de troca, às expectativas mais emocionantes que já pude sentir... Mas os tempos mudaram e demorei para entender que a vida segue por caminhos nem sempre aguardados.
Importante – im·por·tan·te – adj m+f
6 Que resulta em proveito ou interesse; que se pode prestar a determinado fim; proficiente, útil, vantajoso.
E então me dei conta de que aquilo que considero uma das coisas mais importantes da minha vida já não resulta em proveito, já não dialoga com as necessidades que carrego hoje em dia, já não é vantajosa para mim que, em meio a tantas mudanças, preciso respirar um ar totalmente renovado, que encha de proveito e utilidade prática e constante. Novos ares!
Essa descoberta doeu. Dói admitir que aquilo que consideramos importante não dialoga com as nossas necessidades atuais. Dói, porque o apego ainda existe. E não há absolutamente nada que se possa fazer a respeito.
No entanto, de certa forma, quando me dei conta disso, foi libertador. Essa era a luz no fim do túnel, o outro lado da ponte. Admitindo que essa importância não dialoga com minhas necessidades atuais e que, portanto, não resulta em proveito ou vantagem, ficaria mais fácil de seguir e considerar o desapego.
Eu considerei o desapego. E que fique claro: o desapego não exclui o amor. O amor é algo que vai além, que não enfraquece, que apenas é reafirmado a cada dificuldade, barreira ou descoberta. O amor é a força mais potente que existe e nem mesmo essas descobertas são capazes de abalar, ferir ou marcar o amor. E eu não mudaria absolutamente NADA do amor que sinto. E intacto ele permanece.
Mas amor também é libertar e saber se libertar. É soprar pétalas ao vento e saber que as pétalas ainda serão pétalas quando alcançarem outros lugares, embora não estejam mais visíveis aos olhos, embora não estejam mais presentes ao toque...
A pétala que amo me perfumou a mão. E isso foi importante. A pétala já não pode fazer nada por mim. Sua importância se conjuga no passado. A pétala que amo foi levada pelo vento. E eu a amo.
Ah, esse é o raciocínio do desapego! Eu podia ver o outro lado! Eu juro que podia, mesmo que através de grossa neblina...
Mas hoje eu sonhei com o teu abraço e acordei com perfume de pétala.
Como me identifiquei com teu texto, como sempre, traduzindo muitos pensamentos meus que eu mesma não consegui!
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