Não sei bem dizer se meu lugar
era ali. Nem sei dizer se tenho um lugar reservado neste mundo. Aliás, à merda
esse papo de “lugar reservado”! Nunca fui fã de barreiras, de coisas que me
impedissem de andar livremente. De qualquer forma, por que eu permaneci ali parado?
Acontece que contigo sempre
tive tantos motivos para sorrir... E acredito ainda ter! É que o riso vem
tímido, como se quisesse sorrir em outros ares. Bem me lembro dos versos,
aqueles versos de Vinícius... A dialética se aplica aqui. Ou quase. Mas
acontece que sou feliz.
Entenda: eu sou feliz. Eu tenho
em você uma parte da felicidade. Mas é uma parte, meu bem. O todo é infinito e
desconheço meus próximos sorrisos. Eu só não consigo mais encontrar tantos
deles em você, não mais do que aqueles já concretizados, aqueles eternizados ou
aqueles risos quase apagados de quando você olha para meus escritos,
relembrando o que era para ter sido e nunca foi. Nós nunca fomos um. E nunca
seremos.
Mas eu estou sorrindo agora. E
é por você. É por ter essa parte de felicidade que ainda se anuncia no seu
jeito de me evitar, de me querer por perto a todo custo, de não saber dizer o
quanto faço parte de seus desejos mais contidos. E enquanto conversamos, meu
bem, isso tudo nos traz a sensação de que nos completamos. E nos completamos
como duas peças de um quebra-cabeça de um milhão de peças.
Mas me deixe agora! Apenas
deixe que eu respire a possibilidade de outras entregas! Sei bem que está
ocupada, meu bem. E sei que te trouxeram mais risos do que um dia eu poderia te
dar. E está tudo bem.
Eu sei que você me quer. É
bobagem, você bem sabe. Sou apenas uma parte da felicidade. O todo é infinito e
você desconhece seus próximos sorrisos.
Só não se esqueça de que os versos
também são infinitos. No mais, que a dialética não seja a poesia de sua vida.