As pessoas se sentem mal ao
escutar canções de sofrimento, de dor, de paixões perdidas, de amores
impossíveis. Eu não. Eu me sinto mal quando eu escuto as canções de amores
correspondidos, de paixões compartilhadas, de felicidades mútuas… Essas, sim,
me doem!
E me doem porque, quando eu as
escuto, elas não dizem absolutamente nada sobre mim, embora eu pense em você. E
por isso me dói tanto! Porque enquanto eu ouço essas canções, essas letras
intensas, essas declarações musicais, imagino você as escutando e pensando no
grande amor da sua vida. E não sou eu.
Nas estrofes e rimas felizes
de corpos unidos, de lábios grudados, de entrega de alma, nunca fui eu. Nunca serei
eu. Eu não sou uma música. Eu sou o chiado, o ruído no rádio, o risco no disco,
a interferência. Eu não sou som que valha os quatro minutos de uma música. Eu
não valho o pensamento que acontece enquanto a música toca. Eu não emito o som
que eu queria em seu coração.
E é isso. Que você possa escutar
essas músicas deitada com quem você ama. Que possa escutá-las pelas ruas
lembrando e sentindo o quanto esse amor faz parte de você, o quanto vocês se
completam, o quanto é eterno, o quanto você espera reviver esse momento e o
quanto espera aqueles beijos, aqueles abraços, o sexo cheio de desejo, a
entrega cheia de amor… Que possa escutar essas músicas e sentir que foram
feitas para vocês. E quando eu as escutar, terei certeza que, à parte de minha
dor, você merece essas canções em seus ouvidos.